terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Encaixotada

Tá encaixotando tudo pra quê? Tá de mudança?

Se você é como eu, uma daquelas pessoas que adora caixas, que guarda lembranças dentro delas, tenho algumas sugestões para você...

Abra as caixas e jogue todo o seu conteúdo para cima e deixe cair de forma bagunçada, elas não fazem sentido mesmo... se interligaram de uma forma que não se entende e construíram coisas que ninguém previa.

Se certifique de que nenhuma lembrança ficou escondida embaixo de outra. Concorda que é melhor tê-las como tapete, como chão ou até mesmo como degrau, do que, dentro de caixas, como obstáculos a serem desviados?

Pegue as fotos - todas elas, bonitas e feias - os bilhetes - mal ou bem escritos - e arme murais de lembranças grudadas a alfinetes, em seu próprio corpo. Perceba que combinam com seu tom de pele... você é feito dessas coisas.

Quanto aos alfinetes, cada um tem seu tamanho, é verdade, mas todos, sem exceção, deixarão em você uma marca indelével.

Mas se mesmo assim, você ainda não estiver pronto pra se livrar das caixas...

Não se apegue às suas tampas. Elas foram feitas por outras pessoas, com outros objetivos e servem apenas para decorar sua vida com outras lembranças que não as suas. Mantenha-as ao lado das caixas, nunca em cima delas.

Nem tente etiquetar essas caixas, assim você não corre o risco de rotular a sucessão de acontecimentos que foram a sua vida. Acontecimentos são o que são e os rótulos bloqueiam as verdadeiras imagens.

Imagens essas que são suas, só suas. Os acontecimentos podem ser os mesmos dos que estão a sua volta, mas as imagens diferem em ângulo, cores e sentidos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Sobre novos vícios

Estou ficando louca pelo meu blog! Melhor... estou descobrindo novos blogs e ficando fascinada por eles. Eu sei que vou parecer óbvia, mas preciso dizer: incrível é esse lugar onde qualquer pessoa escreve o que quiser, pra quem quiser ler!

Passado esse momento "Bebel on drugs" aí de cima, mas deixando a larica fluir...

Acredito que as pessoas se apaixonem pela quebra de barreiras... É isso que procuramos nos outros por quem nos apaixonamos, nas coisas pelas quais nos viciamos.

Cresci com uma irmã que cedo se descobriu uma contadora de histórias. Enquanto ela ganhava bolhas nos dedos escrevendo estórias num caderno com capa de couro lindo que ela ganhou da nossa tia, as minhas bolhas eram cultivadas pintando a coleção de papéis de carta dela.

Com o tempo, ela parou de escrever, e eu nunca parei pra pensar que a minha barreira fosse feita de couro, com folhas numeradas dentro. Mas era, e de couro também era feita a minha paixão.

Meu novo vício, minha torre.

Achei que vícios fossem cultivados naturalmente, mas vendo a dificuldade que tenho muitas vezes de escrever um texto, descobri que não. Que essas paixões são muitas vezes cultivadas a duras penas, com bolhas nos dedos.

Não aquelas das minhas pinturas. Não disse ainda, mas pintava aqueles papéis com as mesmas cores dos desenhos que vinham embaixo. Essas bolhas não servem, são bolhas de cópias. Boas são as bolhas novas, aquelas que mostram que paixões nasceram dali, que quando arrebentam criam novas bolhas, maiores, melhores ou apenas diferentes.

Bom mesmo, são esse nossos novos vícios. Sejam eles quais forem, produzam eles o que de bom produzirem. São neles que nos afirmamos, nos inovamos, incentivamos e apaixonamos... os outros e a nós mesmos.

Porque é de vícios, que se vivem as paixões. E é de paixões, que se vive a vida. Vicie-se.

Obs: esse texto vai direto pro Mundinho da Rox, uma casa muito engraçada... que não tem teto, mas tem fundamento pra um arranha-céu.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Papel de carta

Se você pudesse pedir para os seus amigos mais chegados te escreverem uma carta, o que encontraria nelas?

Eu tive essa oportunidade. E as cartas estão bem aqui, do meu lado. Lê-las, pra mim, foi algo revelador. Descobri, através da percepção dos outros, que estou mais perto dos meus objetivos do que eu pensava.

Não estou me gabando. O caminho é longo ainda, mas ainda não tinha percebido que a direção está quase ajustada.

As pessoas falam que devemos ser quem somos, sem a preocupação do que os outros acham de nós, mas... e quando precisamos justamente do outro pra nos dizer que somos quem somos? Não o que devemos ser, mas que somos quem realmente somos.

É aquela antiga fantasia de ser uma mosquinha pra ouvir todas as conversas, de poder entrar na cabeça dos outros. As cartas foram totalmente parciais, admito. Todas com o objetivo de dizer coisas boas sobre mim, mas o engraçado é que nenhuma delas falou aquelas qualidades óbvias, impessoais. Tanto que estou aqui, assustada, escrevendo sobre essa experiência.

Comecei a perceber que quis tanto desenvolver certas qualidades minhas que esqueci de tomar nota sobre o desenvolvimento das mesmas. Esqueci de atualizar a carta que mandaria pra mim mesma.

Bom, o fato é que, logo, essas cartas se tornarão obsoletas. E restará para mim a tarefa de atualizá-las, ainda com o privilégio de não ser apenas uma espectadora, mas uma autora do que quer que seja escrito por cima delas.

As cartas ficarão aqui, como lembrança, como fonte, referência bibliográfica talvez. Mas o que quer que eu escreva agora, não estará numa página em branco. Mas num papel de carta já pintado com um pouquinho das minhas cores.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Olhos azuis

Eu conheci o homem com os olhos azuis mais lindos desse mundo. E nossa conversa nesses últimos anos foi limitada àqueles olhos brilhantes. Foi só através deles que esse homem me disse que me amava, disse que lembrava de mim e até ria de nossas piadas.

Não sei explicar muito bem como isso acontecia, mas deu pra entender que os olhos não nos deixam mentir. Que seja assim. Eles nos obrigam a sermos sinceros, a sermos afetuosos, a sermos afetados. Porque também aos olhares não se resiste!

Eles não vão brilhar se a piada não for engraçada. Não vão quase explodir se não for de alegria. Não vão corroer se não for de raiva. Não vão derreter se não for de paixão.

E essa lista ainda poderia ir muito mais longe, mas de nada adiantaria já que a sua verificação não pode ser feita de outro modo que não na prática.

Então não tem outro jeito...

...teremos que dormir menos de modo a dizer tanto com os olhos abertos que quando, como os do meu avô, eles se fecharem, estejam em paz!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Quatro

O que se faz com quatro horas a mais todos os dias? Até pouco tempo atrás, eram preenchidas por trabalho, e então eu falava que poderiam ser preenchidas com mais estudo, leitura, academia, sono, mais textos no blog, mais horas dedicadas a peças... esses luxos de desempregada sem responsabilidade!

Mas agora, estou sendo totalmente bancada pelos meus pais e se parar pra pensar que comecei este post há mais de uma semana e só terminei hoje, estou me perguntando se o tempo extra tem sido útil.

Depois desse tempo todo ainda não comprei "O Elogio ao Ócio" (sugestivo pra tempos como esse) que eu estou querendo ler, não comecei a estudar pra prova de quarta e nem pensei sobre o trabalho de direito pra sexta. O vestido pro casamento de domingo ficou mais apertado do que quando eu trabalhava e ainda não ensaiei nenhuma vez a peça que será apresentada no final desse mês.

E se não fiz nada disso, quer dizer que essas malditas quatro horas me tem sido bem úteis pra pensar em como farei tudo isso quando voltar a trabalhar.

É isso, sem insights, nem epifanias e descobertas sobrenaturais... Esse post foi a pura constatação de que, pra ter tempo, vou ter que largar a faculdade também! Ha ha, piadista!

Estou sem moral pra falar: "Largue tudo e vá vender miçangas na praia se esse é o seu sonho"! Então alguém me manda fazer algo de útil, por favor, que eu volto com a lição de moral!

domingo, 5 de outubro de 2008

Conjuntinho miserável...

... de regras sem nenhum fundamento:

Pessoas pequenas têm de tudo um pouco, mas bem pouquinho... são legaizinhas, meiguinhas, animadinhas, quietinhas... não, não... são subestimadas!

Quem gosta de números é frio e calculista... mas pode ser artista... vê-se logo pela rima! Pode e deve ser criativo, ativo e imprevisível...

Quem canta alto na rua é louco! Pois não devia ser... que cantemos alto, em todos os lugares, mas uma música de cada vez, pra não causar discórdia! E tire a música num tom baixo, pra todo mundo alcançar.

Breguiçe, é conceito falido! Roupa é fantasia! Se fosse só pra cobrir o corpo, andaríamos todos com roupas iguais, de malha e chinelos pretos. Alegre-se com a fantasia do outro, mesmo que ela seja feia. A sua também será motivo de alegria pra alguém!

Filmes cults são para nerds. Pois então, alimente o nerd de cabelos oleosos que existe em você! As melhores e mais improváveis idéias nascem nesses filmes sem compromissos.

Última regra citada, porque ainda existem muitas outras. O estereótipo daquele que acredita em DEUS. Só a palavra já assusta. É visto como submisso a um conjunto de regras, privações sem sentido, castigos e punições impostas por medo; irracional; pequeno... Não percebem que ele na verdade é inundado por plenitude, por vida vinda de fora, e um fora tão longe, que precisa nos invadir por inteiro para que possamos experimentá-lO, conhecê-lO e percebermos que não podemos fazer nada além de adorá-lO. Se permita ser invadido por Ele antes de aprisionar os outros nos seus rótulos sem sentido.

Menos julgamento, mais livre associação de bons sentimentos, bons momentos. Menos ponderações, mais ações, mais leveza.

Mais improvisações!

Drink up, baby down / Are you in or are you out / Leave your things behind / 'cause it's all going off without you / Excuse me, too busy you are writing your tragedy / These mishaps / You bubble wrap man / When you've no idea what you're like

So let go, let go, jump in / Oh well, what're you waiting for / It's alright / 'cause there's beauty in the breakdown / So let go, let go, just get in / Oh, it's so amazing here / It's alright / 'cause there's beauty in the breakdown

It gains the more it gives / And then it rises with the fall / So hand me that remote / Can't you see that all that stuff's a sideshow / Such boundless, pleasure / We've no time for later now / You can't await your own arrival / You've 20 seconds to complain

domingo, 21 de setembro de 2008

Como Alice...


Todo dia é a mesma história de Alice se repetindo.

O despertador começa a tocar e não dá nem tempo da música ficar mais alta que o som da vibração do celular. Desliga logo porque a ressaca da gigante que foi pra cama relutante no dia anterior dá tchau. "Te vejo hoje à noite"

Se levanta conformada, o dia vai ser de conhecida correria... inércia gerada pela falta de atenção... correnteza arrastada que diminui... que só é notada quando chega em casa... quando tudo pára.

E quando tudo pára que estranhamente dá vontade de mexer, movimentar, esticar. Mas esse movimento é diferente... algo que não fez o dia inteiro e agora sente falta. É uma vontade criativa, que vai fundo e mostra que a pequena do dia, sentiu falta de ir fundo no outro.

E cresce.

Está aí a gigante da noite anterior que, igual criança, não tem nem vontade de ir dormir. Mas todo mundo já foi... A não ser que...

E se a criatividade fizesse também parte do dia? Já que da noite ela já se apegou, não iria fazer a desfeita de não aparecer mais. E se a ressaca se transformasse na sua própria causa...

O movimento do dia pode ser outro apesar das ondas serem as mesmas. Talvez a Alice descubra como é bom viver com a cabeça pra fora da casa.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Pra começar...

Eita, acho que tô até nervosa. Faz tempo eu queria um blog. Não sei da onde que essa vontade surgiu de novo, mas tô aqui.

Nem eu acredito direito, mas já me falaram pra eu escrever um livro. Se estava falando sério ou não, não importa. Resolvi começar por um blog. Sabe como é... menos responsabilidade e menos necessidade de credibilidade!

Como já falei no perfil, daqui vai sair de tudo um pouco... quem sabe, com o passar do tempo, eu acabe me focando em algo. Mas por enquanto, isso aqui vai ser uma zona.

Por hoje, só a idéia do blog em si, já foi meu insight. Outros virão...