quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Papel de carta

Se você pudesse pedir para os seus amigos mais chegados te escreverem uma carta, o que encontraria nelas?

Eu tive essa oportunidade. E as cartas estão bem aqui, do meu lado. Lê-las, pra mim, foi algo revelador. Descobri, através da percepção dos outros, que estou mais perto dos meus objetivos do que eu pensava.

Não estou me gabando. O caminho é longo ainda, mas ainda não tinha percebido que a direção está quase ajustada.

As pessoas falam que devemos ser quem somos, sem a preocupação do que os outros acham de nós, mas... e quando precisamos justamente do outro pra nos dizer que somos quem somos? Não o que devemos ser, mas que somos quem realmente somos.

É aquela antiga fantasia de ser uma mosquinha pra ouvir todas as conversas, de poder entrar na cabeça dos outros. As cartas foram totalmente parciais, admito. Todas com o objetivo de dizer coisas boas sobre mim, mas o engraçado é que nenhuma delas falou aquelas qualidades óbvias, impessoais. Tanto que estou aqui, assustada, escrevendo sobre essa experiência.

Comecei a perceber que quis tanto desenvolver certas qualidades minhas que esqueci de tomar nota sobre o desenvolvimento das mesmas. Esqueci de atualizar a carta que mandaria pra mim mesma.

Bom, o fato é que, logo, essas cartas se tornarão obsoletas. E restará para mim a tarefa de atualizá-las, ainda com o privilégio de não ser apenas uma espectadora, mas uma autora do que quer que seja escrito por cima delas.

As cartas ficarão aqui, como lembrança, como fonte, referência bibliográfica talvez. Mas o que quer que eu escreva agora, não estará numa página em branco. Mas num papel de carta já pintado com um pouquinho das minhas cores.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Olhos azuis

Eu conheci o homem com os olhos azuis mais lindos desse mundo. E nossa conversa nesses últimos anos foi limitada àqueles olhos brilhantes. Foi só através deles que esse homem me disse que me amava, disse que lembrava de mim e até ria de nossas piadas.

Não sei explicar muito bem como isso acontecia, mas deu pra entender que os olhos não nos deixam mentir. Que seja assim. Eles nos obrigam a sermos sinceros, a sermos afetuosos, a sermos afetados. Porque também aos olhares não se resiste!

Eles não vão brilhar se a piada não for engraçada. Não vão quase explodir se não for de alegria. Não vão corroer se não for de raiva. Não vão derreter se não for de paixão.

E essa lista ainda poderia ir muito mais longe, mas de nada adiantaria já que a sua verificação não pode ser feita de outro modo que não na prática.

Então não tem outro jeito...

...teremos que dormir menos de modo a dizer tanto com os olhos abertos que quando, como os do meu avô, eles se fecharem, estejam em paz!