Se você é como eu, uma daquelas pessoas que adora caixas, que guarda lembranças dentro delas, tenho algumas sugestões para você...
Abra as caixas e jogue todo o seu conteúdo para cima e deixe cair de forma bagunçada, elas não fazem sentido mesmo... se interligaram de uma forma que não se entende e construíram coisas que ninguém previa.
Se certifique de que nenhuma lembrança ficou escondida embaixo de outra. Concorda que é melhor tê-las como tapete, como chão ou até mesmo como degrau, do que, dentro de caixas, como obstáculos a serem desviados?
Pegue as fotos - todas elas, bonitas e feias - os bilhetes - mal ou bem escritos - e arme murais de lembranças grudadas a alfinetes, em seu próprio corpo. Perceba que combinam com seu tom de pele... você é feito dessas coisas.
Quanto aos alfinetes, cada um tem seu tamanho, é verdade, mas todos, sem exceção, deixarão em você uma marca indelével.
Mas se mesmo assim, você ainda não estiver pronto pra se livrar das caixas...
Não se apegue às suas tampas. Elas foram feitas por outras pessoas, com outros objetivos e servem apenas para decorar sua vida com outras lembranças que não as suas. Mantenha-as ao lado das caixas, nunca em cima delas.
Nem tente etiquetar essas caixas, assim você não corre o risco de rotular a sucessão de acontecimentos que foram a sua vida. Acontecimentos são o que são e os rótulos bloqueiam as verdadeiras imagens.
Imagens essas que são suas, só suas. Os acontecimentos podem ser os mesmos dos que estão a sua volta, mas as imagens diferem em ângulo, cores e sentidos.