domingo, 12 de julho de 2009

Que me venha a coragem

Não é a primeira vez que eu sento em frente a essa torre desde o último post. Podia dar a desculpa da falta de tempo, se é que eu preciso de desculpas pra não escrever, mas não foi bem por isso que não estive por aqui.

Sentei pelo menos mais uma vez pra escrever, extasiada por um final de semana incrível que tive, onde vi depoimentos crus de pessoas que achava que conhecia. Mas a gente não conhece ninguém até vê-la totalmente desarmada, falando coisas que aparentemente não fazem nenhum sentido. Até vê-la pura, livre de ideias alheias.

Escrevi vários textos e trechos de textos e não tive coragem de postar nenhum. De que adianta um texto se você reescreve cada palavra cinco vezes? Se você começa a se questionar o que os outros irão achar dele?

Tentei ser sincera nos últimos textos e percebi como soam falsos hoje. Ai, falsos não... palavra pesada demais, não define. Como soam calculados hoje. Não adianta... todos os adjetivos que hoje aplico a eles possuem uma carga negativa gigante, esmagadora.

Sempre admirei esse puro-cru, esse ponto onde a mente processa e a boca não filtra, não tenta reorganizar. Acho que é um daqueles casos onde você admira o que mais lhe falta. Não sou falsa, mas não posso me atrever a dizer que sou sincera, pelo menos não do jeito que eu defino a sinceridade.

A gente só conhece alguém quando ela está desarmada, e meu arsenal tem estado carregado.

Quando comecei a torre, achei que conseguiria aqui atingir essa sinceridade, e foi só descobrir que gente conhecida, amiga, lia a torre pra eu me rearmar completamente... Cansei.

Que venham textos crus, cheios de mãos abanando, sem armas nem flores. Que venha a sinceridade dos verdadeiros conhecidos.

Que me venha a coragem

5 comentários:

Rebbeca Ricarte disse...

meu irmão me recomendou seu blog, vi a aprovei!
Muito bom mesmo, criativamente original, e verdadeiramente provocante!

Parabéns!

Unknown disse...

É Belbs... eu tb senti isso comigo... uma dificuldade incrível de me expressar com liberdade. Mas acho q é um exercício de paciência mesmo... Espero um dia alcançar esta liberdade de dizer o que vai no fundo da alma sem meu Superego me cutucando... No final das contas ele é meu maior vilão!

Marlon disse...

Que venha logo e nao demora tanto mais... Se nao vou conclamar todos os seus leitores pra uma revolta contra essa demora!!!

Zynga disse...

Se calhar é um dos motivos que me leva a comentar os seus posts sem reservas, sem ter vergonha de dizer: "Quase que chorava, que me tocou o post do dia dos Pais" entre amigos, é como dizes, estamos com o arsenal todo carregado, não vamos dizer que ao ouvir uma musica por exemplo, nos apeteceu chorar né? Isso não é de macho :)

Faço posts em alguns blogs de amigos e conhecidos, mas no seu sinto-me mais livre, mais à vontade de exprimir em palavras o que me vai na alma e as minhas reacções aquilo que leio, provavelmente os blogs se fossem anónimos eram mais verdadeiros.

Daniel disse...

Uma sinfonia em 9 movimentos para 20 instrumentos pode ser crua, o improviso cru do jazz pode ser sofisticado.
Teus textos são sempre música: bossa nova, pop, clássicos, jazz, sempre coisa da melhor qualidade. Esse aí, por exemplo, pra mim soou como um rock antigo, visceral, sem firulas, voz-guitarra-baixo-bateria.
Cru.