quarta-feira, 1 de abril de 2009

As antigas


"I'm not saying I don't cry but in between I laugh. I look forward to a good crying. It makes me feel pretty damn good."

Às vezes elas vêm como enxurradas. Enxurradas a princípio educadas, pedem permissão para sair; logo se tornam abusadas, por te tomarem todo o controle uma vez postas em liberdade; mas finalmente, são agradecidas, proporcionando o alívio que se segue à sua dramática saída.

Pela grande maioria, e inclusive por mim, são almejadas. Quem necessita delas sabe que não seria sensato reprimí-las.

Mas particularmente, acredito que existem mais significativas do que estas...

As antigas. Eu as conheço melhor e elas a mim. E não há ninguém que possa definir o que faz dessas as antigas. Suas idades variam de acordo com a rapidez com que me percorrem por dentro, são antigas porque são familiares, não me espanto com sua saída. Aliás, pouco acontece ao redor durante seu escape.

Saem calmamente, não têm pressa de chegar a lugar algum, sabem muito bem o poder que apenas uma dessas tem, a força com que podem me quebrar. Por isso, vêm em pouca quantidade, são caridosas. Vão carinhosamente contornando os meus contornos. Meio que dizendo: "não chore...", meio que desistindo de sair.

Se não as conhecesse tão bem, diria que são debochadas, mas não são. Muito mais parecidas comigo do que alguém possa imaginar, são tão finas que a sua transparência se torna evidente, tanto quanto a cor que as colore: a minha.

São mais reais do que as confusas enxurradas, sei muito bem porque elas estão lá e por isso são muito mais raras. Só necessito delas quando finalmente tudo faz sentido. Na verdade, não são elas que almejo e sim sua força, sua capacidade de abalar e, muito mais, de desconcertar.

Com toda essa força, são tímidas; com toda essa realidade, são totalmente desconhecidas, essas quietas e pesadas lágrimas.

3 comentários:

BEM Nascimento disse...

O brilho da vida e o choro da morte congregam em si amizade dessas antigas companheiras e eternas ajudadoras.

Daniel disse...

Às vezes menos é mais, melhor o chuif que o buá.

Zynga disse...

Sem comentários... ao lê-la, os meus olhos quase passaram para a fase do humedecimento, ficaram na fronteira.

Mais uma vez, muito bem escrito.