Todo dia é a mesma história de Alice se repetindo.
O despertador começa a tocar e não dá nem tempo da música ficar mais alta que o som da vibração do celular. Desliga logo porque a ressaca da gigante que foi pra cama relutante no dia anterior dá tchau. "Te vejo hoje à noite"
Se levanta conformada, o dia vai ser de conhecida correria... inércia gerada pela falta de atenção... correnteza arrastada que diminui... que só é notada quando chega em casa... quando tudo pára.
E quando tudo pára que estranhamente dá vontade de mexer, movimentar, esticar. Mas esse movimento é diferente... algo que não fez o dia inteiro e agora sente falta. É uma vontade criativa, que vai fundo e mostra que a pequena do dia, sentiu falta de ir fundo no outro.
E cresce.
Está aí a gigante da noite anterior que, igual criança, não tem nem vontade de ir dormir. Mas todo mundo já foi... A não ser que...
E se a criatividade fizesse também parte do dia? Já que da noite ela já se apegou, não iria fazer a desfeita de não aparecer mais. E se a ressaca se transformasse na sua própria causa...
O movimento do dia pode ser outro apesar das ondas serem as mesmas. Talvez a Alice descubra como é bom viver com a cabeça pra fora da casa.